Resenha | Baleia no Teatro Paiol.
As baleias são os maiores mamíferos que vivem no planeta terra. Grandes, possuem um canto único, alcançam profundezas. Baleias-Minke aguentam até 20 minutos submersas entre uma respiração e outra. Baleias-Azuis espirram jatos d’água de até 12 metros de altura. Baleias Cachalote são os mamíferos aquáticos que atingem maior profundidade, descendo até 2 km da superfície.
Baleia. Um nome incomum pra uma banda, que veio num momento de iminente decisão em que havia shows marcados e a banda ainda estava sem nome. De todos os nomes de objetos, lugares, animais e tudo o que foi tentado, “Baleia” foi o único aprovado por mais da metade da banda (num consenso inesperado entre 4 dos 6 integrantes, pra uma banda com opiniões bem divergentes, segundo eles mesmos). Alcançando profundezas interiores com delicadeza, segurando a respiração dos ouvintes por bastante tempo, sentindo grandiosidade e pressão sonora no histórico Teatro Paiol, eu vi que acaso ou não, o nome da banda é um selo de originalidade condizente com o que as pessoas puderam ver nesta noite.
“Quebra Azul”, lançado em 2013 (disponível pra download em http://www.baleiabaleia.com/) é um disco potente, bem produzido, com letras nada clichês, convenções originais e uma formação peculiar. Os cariocas se definem em sua fanpage como uma banda “pós-mimimi”, definição interessante para músicas que passeiam por diversos gêneros com maestria e fluidez, mas que apesar da doçura e suavidade com que cantam, são mesmo uma banda de rock. Canções trabalhadas com esmero, cheias de detalhes e texturas sonoras interessantes, que atraem os ouvidos até mesmo dos que nem reparam nestas coisas. No entanto, o show é de uma consistência e pressão absurdas. A cada canção os presentes no teatro não sabiam se batiam os pés, as mãos, balançavam as cabeças, ou se olhavam atentamente sem piscar nem respirar, que era pra não perder nenhum detalhe da festa. Das duas versões que fizeram, o destaque ficou para “Tardei”, do disco recente do Rodrigo Amarante, “Cavalo”.
O show começou com abertura da banda curitibana Simonami, que apesar de estar apenas abrindo, fez uma curta apresentação digna de quem divide o palco com uma banda de igual tamanho. Quem não conhecia ficou boquiaberto com a consistência sonora da banda, e o impacto que as vozes de Lilian e Lay juntas (ou separadas) causam. Era uma abertura, mas o público aplaudiu de pé. E com razão.
Após alguns minutos de ajustes, surge no palco a banda Baleia. Sua formação com Cairê Rego (baixo), David Rosenblit (piano e teclado), Felipe Ventura (guitarra e violino), Gabriel Vaz (voz), João Pessanha (bateria) e Sofia Vaz (voz), chegou colocando o Teatro Paiol para vibrar. A aura do teatro, mágica, como se o público estivesse abraçando o palco calorosamente, fez o show esquentar logo na primeira canção. A banda sabe se utilizar muito bem dos recursos musicais eletrônicos, reverbs nos vocais que provocavam um encantamento nas canções que implodiam dentro dos espectadores. A alternância de instrumentos onde cada um colocava seu modo de fazer música a trabalho da banda, as vozes afiadas do Gabriel e da Sofia, e o violino mágico em loop do Felipe, foram a cereja do bolo de um show que tinha tudo pra dar certo, tal a expectativa do público, mas que excedeu largamente. Um pedido de namoro inesperado e entrega de alianças foi o toque especial que faltava pra noite passar de incrível para inesquecível.
Baleia promete voltar a Curitiba em breve. E que não demorem, porque ficou um gostinho de quero mais. E pelo jeito, vamos precisar de um lugar maior.
Por | Dabliu Junior
Abaixo as fotos do evento.
1 comentário em “Resenha | Baleia no Teatro Paiol.”