850km

É quarta-feira a noite. Daqui a exatas (ou não) 34 horas estarei embarcando em um avião que irá para quase 850km daqui. Serão 850km que me distanciam da minha vida, do meu estresse, da minha rotina. Terei 850km de vantagem para fazer o que eu quiser durante 3 dias. Terei 3 dias para espairecer, para aproveitar, para viver. Serei eu mesma durante 3 dias e a 850km daqui.

Há pelo menos dois meses venho imaginando como serão esses dias e, agora que eles estão cada vez mais pertos, não sei como reagir diante ao fato de que meu corpo – e minha mente – não querem entrar naquele avião. Não é a primeira vez que irei viajar pelo ar, então, na teoria, essa sensação nem deveria vir me visitar. Não agora. Justo agora, que estou quase indo a 850km de distância para encontrar a tranquilidade que não encontro de jeito algum dentro de mim.

Chega a ser ridículo o quanto a minha ansiedade me domina, me desfalca, me destrói. E ela faz tudo isso em um momento em que era para eu estar fazendo apenas a contagem regressiva para esse sumiço temporário. Será que ela não percebe que eu não a quero aqui? Será que ela não se dá conta de que tudo o que ela faz é apenas pegar as minhas mais belas gafes e trazer tudo à tona mais uma vez? Minha querida, se eu a quisesse aqui, te convocava. Mas eu não te quero, eu apenas me quero.

Me quero bem, me quero mais, me quero feliz. E é engraçado que eu tenha que ir a 850km longe de mim para encontrar justamente algo que procurei a vida toda e que está a um único fechar de olhos: a paz, a escuridão, o silêncio. Eles sim falarão por mim. E eu?, eu já não vou mais estar nem a 850km daqui.

Se não sei onde estou hoje, como saberei onde estarei daqui a exatas (ou não) 34 horas?

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