Sem citar aborto, Lula fala em garantir direitos reprodutivos e sexuais das mulheres

O PT lançou o esboço do plano de governo da campanha do ex-presidente Lula à presidência em 2022. Com 90 tópicos, distribuídos em 18 páginas, o partido evitou temas polêmicos e não apresentou como pretende alcançar cada objetivo. Sem citar a palavra aborto, o Partido dos Trabalhadores fala em garantir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
“Brasil não será o país que queremos enquanto mulheres continuarem a ser discriminadas e
submetidas à violência pelo fato de serem mulheres. Precisamos ampliar as políticas públicas que
garantam às mulheres a proteção à vida e o combate ao machismo e ao sexismo”, diz o documento.
O partido reafirma ainda o “compromisso com o protagonismo das mulheres no novo ciclo de desenvolvimento, promovendo a autonomia econômica, a igualdade de oportunidades e de tratamento e o acesso a direitos universais. O Estado deve coordenar uma política pública de cuidados e assegurar às mulheres o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos, políticas essenciais para a construção de uma sociedade mais igual”, finaliza.
Aborto é tema a ser evitado para o PT
Os petistas tentam de todas as formas fugirem de falar em aborto abertamente. Defender a proibição afastaria o eleitorado feminista, que, em grande parte, defende a bandeira do direito das mulheres a escolherem o que farão com seus corpos, o que inclui gestar ou não um feto. Porém, defender o aborto afasta em grande parte os eleitores evangélicos, católicos e conservadores.
Sabendo disso, em 2014, membros do PT fizeram uma campanha de fake news contra a ex-ministra da Meio Ambiente Marina Silva (REDE), distorcendo uma fala dela para deixar a entender que era uma defensora do aborto. Isso tirou Marina do segundo turno.
No dia 5 de abril, o ex-presidente Lula afirmou que a interrupção de gravidez indesejada deveria ser tratada como questão de saúde pública, e explicou que as mulheres pobres correm risco ao fazerem o procedimento em clínicas clandestinas. Diante da enxurrada de críticas, o petista afirmou no dia seguinte que pessoalmente é contra o aborto.
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