O aliado de Trump, Vivek Ramaswamy, apresentou um olhar mais atento aos planos de Donald Trump para uma iniciativa abrangente de deportação, que ele descreve como a maior da história dos EUA. Numa entrevista recente, Ramaswamy defendeu a viabilidade da proposta e delineou os passos iniciais para a concretizar.
Visando migrantes recentes e antecedentes criminais
Ramaswamy afirmou que o plano de Trump se concentraria na deportação de milhões de indivíduos indocumentados, estimando entre 11 e 20 milhões. Seria dada prioridade àqueles que entraram no país nos últimos dois anos, rotulados por Ramaswamy como “migrantes ilegais que não têm lugar neste país”. Ele também destacou um foco particular na deportação de indivíduos com antecedentes criminais.
Cortando financiamento para cidades-santuário
Ramaswamy explicou que o plano inclui o corte de todo o financiamento governamental que actualmente beneficia os imigrantes indocumentados, incluindo a ajuda federal às cidades-santuário. Ao limitar o apoio financeiro, sugeriu ele, muitos indivíduos sem documentos escolheriam a “autodeportação”, uma vez que o acesso à assistência social e outros apoios é restrito, levando potencialmente a uma redução significativa no seu número.
Vinculando a reforma da imigração à dívida nacional
A proposta de Trump alinha-se com os debates em curso em torno dos gastos do governo, com Ramaswamy a posicioná-la como parte de uma estratégia mais ampla para reduzir a dívida nacional, agora em 34 biliões de dólares. “Usar o dinheiro dos contribuintes para subsidiar a migração ilegal é ofensivo”, afirmou, acrescentando que a política respeita “a dignidade dos americanos que já estão aqui”.
Uma questão polarizadora entre os eleitores
O compromisso de Trump com as deportações em grande escala é reforçado pelo seu companheiro de chapa, JD Vance, que sugere que o plano poderá resultar na deportação de até um milhão de pessoas anualmente. O conselheiro de imigração de Trump, Stephen Miller, propôs que as tropas da Guarda Nacional dos estados que o apoiam pudessem ajudar nestes esforços. Os eleitores continuam divididos: as sondagens à saída da Edison Research mostram que, embora 39% apoiem a deportação da maioria dos imigrantes indocumentados, 56% são a favor de permitir-lhes solicitar o estatuto legal.
Comparações com administrações anteriores
Aumentar as deportações foi um desafio durante o primeiro mandato de Trump. Apesar disso, dados recentes indicam que o Presidente Biden deportou mais indivíduos no ano fiscal de 2023 do que Trump em qualquer ano da sua presidência. Os especialistas estimam que a deportação de 13 milhões de pessoas exigiria um aumento significativo de agentes, centros de detenção e juízes de imigração e poderia custar até 968 mil milhões de dólares ao longo de uma década.
Resistência legal esperada
Organizações como a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) estão a preparar-se para desafiar o plano de Trump, caso seja implementado. O advogado da ACLU, Lee Gelernt, que já desafiou as políticas de imigração de Trump, revelou que mais de 15 advogados especializados em leis de imigração estão preparando recursos para combater as novas políticas nos tribunais.
Fortalecendo o apoio das agências federais
O segundo mandato de Trump poderá envolver uma abordagem mais forte por parte do Departamento de Estado, destinada a facilitar a repatriação de indivíduos deportados. Os defensores argumentam que os nomeados estratégicos no Departamento de Estado desempenharão um papel fundamental. Além disso, a Homeland Security Investigations (HSI), um ramo do ICE centrado no crime transnacional, também pode ser chamada a transferir recursos para a fiscalização da imigração.
Usando a Guarda Nacional e expandindo recursos
Miller sugeriu que os estados dispostos a cooperar podem enviar tropas da Guarda Nacional para ajudar nas deportações, especialmente em áreas resistentes a estas políticas. A equipe de Trump também planeja invocar o Lei dos Inimigos Alienígenas de 1798, permitindo a rápida deportação de supostos membros de gangues. Esta medida poderá suscitar desafios legais, mas os proponentes acreditam que é uma ferramenta poderosa para acelerar as deportações.
A Lei dos Inimigos Estrangeiros: Uma Lei Antiga em um Novo Papel
A Lei dos Inimigos Estrangeiros, um componente das Leis de Estrangeiros e Sedição de 1798, dá ao presidente autoridade para deter ou deportar cidadãos de países hostis durante tempos de guerra. Historicamente utilizado durante conflitos como a Guerra de 1812, a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial, o plano de Trump de aplicar esta lei à migração indocumentada suscitou o debate sobre as suas implicações constitucionais e éticas.
Preocupações Constitucionais e Éticas
Especialistas jurídicos alertam que invocar a Lei dos Inimigos Estrangeiros para fins de imigração levanta questões constitucionais significativas. A Lei tradicionalmente exige uma declaração formal de guerra ou uma ameaça iminente ao território dos EUA. Estendê-lo à migração indocumentada levanta preocupações sobre o excesso, com os críticos aconselhando cautela contra o uso da autoridade em tempo de guerra para fiscalizar a imigração.
Esforços para revogar a Lei dos Inimigos Estrangeiros
Alguns membros do Congresso apresentaram um projeto de lei de revogação, a Lei dos Vizinhos, Não Inimigos, liderada pelo deputado Ilhan Omar e pelo senador Mazie Hirono. Eles argumentam que as atuais leis de imigração, inteligência e criminal já abordam questões de segurança nacional, tornando a Lei dos Inimigos Estrangeiros obsoleta e potencialmente prejudicial às liberdades civis.
Potenciais desafios jurídicos e éticos futuros
Com os quadros jurídicos modernos em vigor, os críticos argumentam que a Lei dos Inimigos Estrangeiros é desnecessária para os actuais desafios de imigração. Desdobrá-lo para fins não militares mudaria o seu papel e arriscaria acusações de discriminação. À medida que o plano de Trump se desenrola, enfrenta obstáculos jurídicos, financeiros e sociais, com custos e consequências previstos que poderão afectar comunidades em todo o país.