Nesta terça-feira, quando trocou Estêvão por Gabriel Menino na derrota para o Botafogo, Abel Ferreira foi chamado de “burro” por integrantes da Mancha Alviverde, principal organizada do Palmeiras (foi defendido na mesma hora pelo torcedor comum).
Não foi a primeira vez que a organização cornetou o treinador português.
Na verdade, a Mancha, hoje proibida, na teoria, de frequentar estádios em São Paulo, tem um longo histórico de críticas ao técnico mais vencedor da história no Palmeiras.
As cornetas começaram já em 2021, tempo pouco depois da primeira conquista da Libertadores sob o comando do técnico português.
Em junho daquele ano, quando o Palmeiras foi eliminado pelo CRB na Copa do Brasil, a organizada chegou a pedir a saída de Abel em manifesto.
“O nosso treinador, que está sem vontade de ficar no Brasil; o cara que fala que está com saudades da família em tom de despedida; o cara que está perdido nas escalações; o cara que toda partida é um sistema de jogo diferente e sem padrão nenhum“, escreveu Mancha.
“Exigimos a troca de treinador insatisfeito e com saudade da terra dele”, completaram.
Logo depois, após derrota para o Corinthians, em setembro de 2021, críticas ainda mais pesadas.
“Com sua prepotência europeia, precisa entender que Portugal para o Brasil no futebol é como o Brasil para Portugal na economia. Não dá para comprar e, antes de ensinar futebol, ele precisa aprender. Perdeu o tempo e o vestiário faz tempo. Escala de forma errada na maioria dos jogos, troca de forma errada em todos os jogos. O tempo não tem sequer padrão“.
Ainda em 2021, em outubro, o tom de ameaça contínua, após derrota para o Red Bull Bragantino.
“Após o jogo: xingamos o treinador que erra muito mais que acerta, que nas entrevistas coletivas, nas poucas vezes que o tempo vai bem, é a ‘equipa’ que ele armou e preparou para aquele resultado. Agora, nas eliminações e nas derrotas, o discurso é que ele pediu aos jogadores, que os jogadores não executam ou que ele treinou”, texto publicado pela organizada em rede social.
Em 2022 e 2023, com a fartura de títulos, as críticas ficaram raras.
Mas voltei em tudo nesta temporada.
Depois da derrota para o Flamengo na Copa do Brasil, a torcida invadiu o CT e seu presidente detonou Abel pessoalmente. “Ele é o maior da nossa história, mas é passível de crítica. A culpa é sempre do outro. Ele vem insistindo em atletas que não para ser titular. O Rony não dá para ser titular. Contrata o Felipe Anderson e coloca ele de auxiliar de lateral. O Rômulo foi destaque e nunca colocou o cara”.
Após a eliminação na Libertadores, diante do Botafogo, a Mancha voltou a questionar o técnico português.
“As eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores aconteceram pelo mesmo motivo: a covardia nos jogos de ida, no Rio de Janeiro. Sabemos que não é possível ganhar sempre, mas o que exigimos é atitude, e foi logo isso que faltou: a covardia nos levou a perder os dois confrontos fora de casa. Abel Ferreira é o maior treinador da história do Palmeiras, mas mesmo os ídolos estão sujeitos às críticas, e fica aqui o registro de que a postura covarde tem a ver com erros no planejamento estratégico. e com invenções na escalada e nas substituições.”
E ainda fez alguns questionamentos.
“Abel perdeu o comando do elenco? Os jogadores não estão mais assimilando as orientações? Por que insistem em atletas na má fase? E por que, em compensação, alguns reforços não vêm sendo usados?”
Agora, a organização diz que o treinador é “burro”. Imagine o que diria se ele não tivesse conquistado uma pena de títulos.