Quem acompanha sabe: não importa o momento em que a temporada estiver, a NBA é sempre um prato cheio de grandes histórias. A partir desta semana, segunda-feira será dia aqui no ESPN.com.br de destacar o que aconteceu de curioso na melhor liga de basquete do mundo e não que vale a pena ficar de olho na semana seguinte.
A história da última semana
O calendário da NBA tinha reservado ao Falcões de Atlanta dois confrontos consecutivos diante do Cavaliers de Clevelanddono da melhor campanha da liga até o momento. Seria uma sequência complicada para qualquer uma dessa altura da temporada. Mas não é que os Hawks conseguem passar por ela com duas vitórias?
Muito disso passa pelo rendimento de Trae Young como distribuidor, aproveitando os espaços que se abriram na defesa para envolver os companheiros e acioná-los em boa condição. Mas o que também pesou de forma específica nesta história foi o sofrimento de Donovan Mitchell para colocar a bola dentro da cesta. A principal cestinha dos Cavs viu-se limitada a apenas 15 finalizações certas em 47 tentadas ao longo das duas partidas — o que resultou em um aproveitamento de 31,9%.
Alguém que estivesse totalmente alheio ao que vem comemorando na NBA nos últimos meses poderia até imaginar que os Hawks fossem uma defesa de elite, capaz de limitar o grande astro de um rival tão forte, e que por isso mesmo estariam em condições de almejar um lugar na briga pelo topo do Leste.
Acontece que essa equipe ainda aparece entre as dez mesmas perdas no ranking de eficiência defensiva da temporada. Antes destas duas vitórias, vinha de três derrotas consecutivas, todas elas por uma diferença de dois dígitos no placar. Vale lembrar ainda que os Hawks também conseguem perder duas vezes para o Feiticeiros de Washington – que cuja campanha registra até o momento apenas são duas vitórias.
Por enquanto, o que dá para dizer é que os Hawks são um momento altamente imprevisível. Claro que a falta de confiabilidade é um problema, mas também é claro que pode vencer qualquer um em determinadas noites mais inspiradas. Deve ser a melhor representação de copo meio cheio na NBA neste momento.
De qualquer forma, fica a expectativa de ver como os Hawks se comportarão depois dessas vitórias sobre os Cavs. Foi o começo de uma mudança empolgante ou apenas mais uma mera aleatoriedade?
A primeira resposta foi positiva, com vitória do Charlotte sobre os Hornets. Agora, a lista de compromissos daqui para frente tem rivais dos mais diferentes níveis competitivos: New Orleans Pelicans (casa), Milwaukee Bucks (fora), Los Angeles Lakers (casa) e Denver Nuggets (casa).
Que Hawks teremos ao final disso?
Olha o que ele fez
Até o início da atual temporada, Elfrid Payton apareceu pela última vez na NBA em 2022, quando defendeu o Phoenix Suns na condição de reserva pouco utilizada. Depois, passou dois anos na G-League e jogou até em Porto Rico. Chegou a treinar com o Pelicanos de Nova Orleans durante a pré-temporada, mas acabou dispensado. Tudo levava a crer que seus dias na elite do basquete mundial já tinham mesmo ficado para trás.
Só que há uma grande onda de lesões afetou o elenco dos Pelicans, que decidiu buscar no mercado pessoas com experiência na NBA para ocupar o espaço que se abriu subitamente. Foi assim que Payton voltou para a liga duas semanas atrás.
Por todo o enredo dos últimos anos, dá para classificar esse retorno como uma história surpreendente. O que dizer então da atuação que ele teve na partida em que os Pelicans enfrentaram o Pacers de Indiana fora de casa? Foram 14 pontos, sete rebotes e impressionantes 21 assistências.
A produção teve um pouco de tudo. Deu para ver algumas pontes aéreas, feitas a partir de uma boa leitura do comportamento do pivô oponente envolvido neste tipo de ação. Mas o que mais chamou a atenção nestes casos foi a agressividade dele para muitas vezes atacar a cesta, gerar o desequilíbrio na defesa e rapidamente acionar quem ficou livre a partir disso.
Os Pelicans perderam o jogo, mas foram os melhores durante o tempo em que o armador encontrou em quadra. Ao longo dos 31 minutos em que esteve em ação, seu tempo teve um saldo de 10 pontos.
Mesmo assim, a tendência é que ele jogue menos minutos daqui para frente, já que Dejoute Murray voltou a ficar à disposição. De qualquer forma, ninguém pode questionar que Payton poderia agarrar em grande estilo a oportunidade que recebeu. A jornada dele na NBA ganhou um novo capítulo.
Abre aspas
“Temos tentado entender o que acontece durante toda a temporada. Pensamos que a defesa era a nossa identidade, mas não está parecendo assim. Estava conversando com Mike Conley sobre isso. A nossa identidade neste momento é a de um tempo molenga pra caramba. Não contra os outros tempos, mas aqui dentro mesmo. Ninguém pode cobrar ninguém Parecemos um bando de crianças e jogamos como se fôssemos isso.
O desabafo foi de Anthony Edwards, depois da derrota do Minnesota Timberwolves dentro de casa para o Sacramento Kings por 115 a 104. Foi uma quarta consecutiva de uma equipe que chegou à final de conferência na temporada passada.
A média de 112,1 pontos sofridos a cada 100 posses de bola coloca os Timberwolves apenas no 12º lugar no ranking de eficiência defensiva desta temporada. Trata-se de uma queda de rendimento em tanto em relação ao ano anterior, quando o tempo liderou a liga no quesito com índice de 108,4 pontos.
Uma estatística
O tempo que lidera a NBA em eficiência defensiva no atual campeonato é o Trovão da cidade de Oklahomacom uma média de 103,6 pontos cedidos a seus oponentes a cada 100 posses de bola. Isso mesmo: são quase cinco pontos a menos que o índice do Minnesota Timberwolves na temporada passada. É uma diferença expressiva.
O Thunder é o momento que mais força desperdícios de posse de bola dos adversários (18,8 por partida) e o que concede o menor aproveitamento nos arremessos em geral (42,2%). De maneira resumida, o que esses números todos dizem é o seguinte: quem enfrenta essa defesa sofre para conseguir arremessar e, quando consegue, tem dificuldade de colocar a bola na cesta. É uma combinação e tanto.
É uma combinação e tanto, mas o ponto fraco que se viu na temporada passada, especialmente na queda diante do Dallas Mavericks nos playoffs, ainda está lá: os rebotes defensivos. O aproveitamento de 66,8% deixa a equipe à frente apenas do Portland Trail Blazers neste quesito.
Sobre isso, vale lembrar que o Thunder passou um bom tempo nesta temporada usando formações extremamente baixas, muitas vezes tendo o armador Shai Gilgeous-Alexander como o jogador mais alto em quadra. Isso ocorreu entre a lesão de Chet Holmgren e a estreia do pivô Isaiah Hartenstein.
Contratado na “offseason” e finalmente recuperado de uma fratura na mão esquerda, Hartenstein ainda vai precisar de mais tempo em quadra para conseguir responder o quanto sua presença poderá diminuir essa carência coletiva nos rebotes. Mas a grande notícia nestes primeiros jogos é que ele já parece entrosado com o que o restante do elenco faz de bom para aterrorizar a vida dos ataques rivais.
Quando envolvido em bloqueios, o pivô nega o “mismatch”, o que significa dizer que ele nunca vai para o perímetro enfrentar uma troca de marcação. Ao invés disso, permanece perto da cesta para reforçar as infiltrações, enquanto os companheiros se viram para fazer as leituras corretas e acertar as coberturas para contestar os arremessos rivais.
Tem sido interessante acompanhar essa experiência. Mas resta ainda a expectativa de ver como o técnico Mike Daigneault vai distribuir minutos e fazer experiências quando Holmgren retornar e estiver à disposição junto de Hartenstein.
Será que é para valer?
Depois de um começo de campanha extremamente preocupante, o Milwaukee Bucks engatou seis vitórias consecutivas. Ainda não é algo que coloque a equipe na cola dos líderes do Leste, mas já rendeu um bom salto para o miolo de quem vai brigar por mando de quadra na primeira rodada dos playoffs.
Damian Lillard tem jogado muito bem durante essa sequência. Aos poucos, dá uma pinta de estar cada vez mais confortável nos Bucks. Tem chamado a atenção o quanto ele tem pontuado de maneira eficiente em jogadas nas quais ele não necessariamente inicia, sendo acionado por algum companheiro depois de se movimentar sem bola pela quadra.
Muito por conta disso, os Bucks tiveram uma experiência de eficiência de 119,0 pontos nestas seis partidas. Pode não ser um índice bom o suficiente para colocá-lo entre os três melhores da liga, mas já é um grande avanço em relação à média da equipe na temporada como um todo até agora: 113,4 pontos anotados a cada 100 posses de bola .
Ao longo dos próximos dias, os Bucks farão quatro confrontos contra rivais de conferência. Na terça-feira, o Detroit Pistons joga em casa, em um duelo direto por uma vaga na próxima etapa da Copa NBA. Depois, visitarão o Atlanta Hawks na quarta e o certificado Boston Celtics, na sexta, e Brooklyn Nets, no domingo.
A presença atual dos campeões aí no meio faz com que seja bastante difícil imaginar a série invicta chegando a dez partidas. Mas vale ficar atento aos próximos passos do Bucks. Quanto a ocorrência é sustentável? Até que ponto o ataque pode evoluir? E será que vai dar para sonhar em alcançar quem hoje está no topo?
O que vai ter na tela da ESPN
Quarta-feira (4):
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Los Angeles Lakers x Miami Heatàs 21h30
Por que assistir: a única vitória do Heat sobre um tempo com campanha de pelo menos 50% de aproveitamento ocorrido diante do Dallas Mavericks. Ainda assim, o rival era sem Luka Doncic, e o jogo só foi decidido na prorrogação. Que tipo de resistência esse tempo será capaz de oferecer contra Anthony Davis, LeBron James e companhia?
Sexta-feira (6):
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Milwauee Bucks x Boston Celticsàs 21h30
Por que assistir: os Bucks emplacaram uma sequência de vitórias que deu uma boa tranquilidade na crise que ameaçava se instalar em Milwaukee. Só que o duelo em questão será contra os campeões atuais. Não há teste melhor do que esse para avaliar a ocorrência. -
Minnesota Timberwolves x Golden State Warriors, às 0h00
Por que assistir: depois do tanto que Anthony Edwards reclamou a defesa e a postura dos Timberwolves, será curioso acompanhar a resposta da equipe diante de um oponente melhor posicionado no Oeste e com tanto potencial ofensivo.
Sábado (7):
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Memphis Grizzlies x Boston Celticsàs 22h
Por que assistir: Ja Morant está de volta. A presença dele em quadra, por si só, já é uma grande promessa de entretenimento para qualquer jogo. Vale também observar que os Celtics são o momento que mais tentam bolas de três pontos nesta temporada, ao passo que os Grizzlies estão em segundo lugar no ranking de equipes que mais permitem esse tipo de arremesso. Será interessante acompanhar como as finalizações dos campeões irão se concentrar no perímetro ou se algum ajuste defensivo ocorrerá para tentar conter isso.