PMs assassinaram indígena idoso a pauladas, dizem moradores

Indígenas da aldeia Olho D’Água do Padre estão revoltados com o assassinato de Edinaldo Manoel de Souza, de 61 anos. Morador do lugar, ele teria sido agredido por policiais militares, em frente de casa, na Terra Indígena Atikum. Segundo os moradores do local, após desmaio os policiais teriam socorrido o homem até o hospital da cidade, mas ele não resistiu e morreu. O caso aconteceu na quinta-feira (16). O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.
Testemunhas afirmam que os PMs abordaram o indígena idoso já com agressividade, perguntado por uma espingarda que a vítima supostamente teria, mas Edinaldo negou. Na sequencia iniciou-se o espancamento com socos e pauladas.
A Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espirito Santo (Apoinme), mobilizou protestos e está cobrando explicações sobre o caso. Em nota publicada no Instagram, a entidade contou que “Edinaldo escutou barulhos no quintal de sua casa que fica localizado na aldeia Olho D’água do Padre, Terra Indígena Atikum em Carnaubeira da Penha e ao sair para averiguar o que era, Edinaldo se deparou com os policiais, que rapidamente o abordaram perguntando de uma espingarda que supostamente Edinaldo possuía, e ao responder que não possuía espingarda nenhuma, um policial deu um tapa violento no tórax da vítima, e quanto mais os policiais perguntavam e Edinaldo negava a propriedade de uma espingarda, mais ele apanhava. Essa violência durou por vários minutos, até o ponto em que a vítima não aguentou mais e desmaiou, os próprios policiais o socorreram, mas Edinaldo já chegou ao hospital de Carnaubeira sem vida”.
Apoinme afirma que a polícia tem espalhado pânico e violência pela região. “Infelizmente mais uma ação de extrema violência, realizada por policiais militares que ao invés de proteger a sociedade, espalham pânico e violência contra pessoas pobres e inocentes”.
O que diz a Polícia Civil
Em nota, a Polícia Civil afirmou que foi aberto um inquérito policial para apurar o fato e que os familiares e vizinhos da vítima, além de lideranças indígenas, já foram ouvidos.
“Por sua vez, a Polícia Militar, através da Diretoria de Polícia Judiciária Militar (DPJM), instaurou um inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias em que se deu o fato. Na esfera administrativa, a Corregedoria Geral da SDS instaurou Investigação Preliminar e está apurando, no local, se houve infração disciplinar por parte de policiais militares envolvidos nessa ocorrência”, diz a nota.