Por que a atividade de jornalistas e da imprensa é considerada essencial para o fortalecimento da democracia? Saiba mais.
O relatório divulgado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) evidenciou o aumento da violência contra jornalistas e meios de comunicação no Brasil em 2021.
Inja Pavlic
O relatório revela que a maioria dos ataques à imprensa é institucional e partidário, isto é, mobilizado pela base de ministros e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em 2021, dos 453 ataques contra comunicadores e meios de comunicação, 69% foram provocados por Bolsonaro, que atacou a imprensa 89 vezes, isto é, quase 20% do total.
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Somando os ataques de Bolsonaro à imprensa aos de seus ministros, assessores e filhos com mandatos políticos, a base bolsonarista causou 55% dos ataques a comunicadores e meios de comunicação.
Renan Olaz
Além disso, quando apoiadores do presidente são incluídos na soma, o número chega a 271 ataques, isto é, 60% dos registros totais de agressões contra jornalistas.
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Agressões verbais que buscam desmoralizar a credibilidade e a veracidade do trabalho jornalístico, correspondem a 74,6% dos ataques contra comunicadores em 2021.
Arquivo Nacional do Brasil
Sara Kurfeb
A segunda forma de ataque mais recorrente foram agressões físicas e a destruição de equipamentos (19%). A intimidação através de processos judiciais corresponde a 4,2% dos ataques.
EV
Em menor escala, os demais ataques incluem restrições na internet, como hackeamentos e negação de serviços (2,6%), restrições de acesso à informação (2,4%) e uso abusivo do poder estatal (0,6%).
Arget
Nos últimos dois anos, jornalistas designados para coberturas políticas e da pandemia de Covid-19 foram os principais alvos de agressões, principalmente mulheres e profissionais LGBTQIA+.
Kevin Fitzerald
Em 2021, houve um aumento de 78,7% de agressões contra jornalistas mulheres, o que revela o impacto da violência de gênero no trabalho jornalístico.
Vanilla Bear Films
Do total de 453 ataques a jornalistas, 45 (9,9%) usaram questões como orientação sexual ou identidade de gênero para agredir as vítimas, fossem homens ou mulheres, cis ou transgêneras, pessoas não-binárias ou veículos focados em pautas de gênero.
Climate Reality Project
Mulheres foram os principais alvos (77,7%), seguidas de homens gays (17,7%) e veículos midiáticos feministas (4,4%). A maioria das mulheres foi humilhada por questões de gênero e sexualidade, utilizadas para descredibilizar seus trabalhos.
CoWomen
A maioria dos jornalistas agredidos por internautas (57,7%) são especializados na cobertura política. Esportes (8,8%) e segurança pública (6,6%) também estão entre os temas que mais provocam ataques.
Antônio Cruz/Agência Brasil
Em 2021, os jornalistas do Grupo Globo foram os mais atacados, totalizando 75 casos. Em seguida, vêm comunicadores da Folha de S.Paulo (45), da CNN Brasil (22) e do Metrópoles (12). Do total de ataques, 12 vitimaram jornalistas freelancers.
Maria Oswalt
O atual cenário eleitoral brasileiro, marcado pela polarização ideológica e pela desconfiança nas instituições políticas, pode acirrar ainda mais a violência contra jornalistas.
ascom TSE
Por isso, é preferível que jornalistas separem contas pessoais e profissionais, apaguem informações pessoais em sites e denunciem ataques e agressões.
Matt C
Aos meios de comunicação, cabe fornecer apoio aos seus profissionais, tanto contratados quanto freelancers, oferecendo suporte em segurança digital e orientação jurídica.
Austin Diestel
Para as redes sociais, é preciso investir em algoritmos de moderação de conteúdo, a fim de mobilizar melhores políticas de denúncia de campanhas massivas e discursos de ódio.
dole777
Ao poder público, cabe criar novas políticas de proteção aos jornalistas, especialmente para profissionais de cidades pequenas, que sofrem fortes pressões para não divulgar escândalos locais.
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Portanto, a responsabilidade de transformar o quadro de violência contra jornalistas é tríplice, ou seja, depende dos meios de comunicação, da sociedade e do Estado.
Agência Brasil
Letícia Fortes
Monitoramento de Ataques a Jornalistas no Brasil - Relatório 2021 (Abraji)