Abismo social entre brancos e negros é alimentado há mais de 130 anos e não tem prazo para acabar
O RETRATO
DO BRASIL
NEGRO
Mais de 130 anos depois da Lei Áurea, o Brasil ainda vive os reflexos de ter sido a última nação a abolir a escravidão sem ter criado nenhuma condição digna para a inserção da população negra na sociedade.
Para que a consciência negra traga de fato CONSCIÊNCIA, é preciso ver o Brasil tal qual ele é:
56,10%
A população brasileira é formada por uma maioria preta. Dos 209,2 milhões de brasileiros, 19,2 milhões se declaram pretos e 89,7 milhões como pardos.
Apesar de maioria, são as pessoas pretas que mais sofrem com analfabetismo, desemprego, trabalho precário e violência.
A desigualdade começa cedo
ainda na gestação: 2 em cada 3 mortes maternas são de mulheres negras.
O acesso ao pré-natal ajuda a explicar esse número: enquanto 81% das gestantes brancas realizam 07 consultas durante a gravidez, entre as negras o percentual é de 68,1%
32% das gestantes negras não fazem todos os pré-natais recomendados, entre as brancas são 19%.
5,4% dos bebês negros nascem abaixo do peso esperado enquanto entre os brancos a taxa é de 3%.
Com menos acesso à saúde, crianças negras têm mais sífilis congênita. A mortalidade no primeiro ano de vida é 22,5% maior entre os negros.
70% da mortes de bebês negros até 1 ano são por causas evitáveis, como diarreias e pneumonias.
Uma desigualdade leva a outra
A taxa de analfabetismo das pessoas negras é de 9,1% no país, quase três vezes maior que a de brancos, 3,9%.
Apenas 60% dos jovens negros concluem Ensino Médio no Brasil, enquanto entre os jovens brancos são 76%.
Em 2019, pela primeira vez, os pretos e pardos passaram a ser a maioria dos estudantes nas instituições públicas de ensino superior: 50,3%.
Contudo, esse grupo continua sub-representado no mercado de trabalho.Entre os cargos gerenciais, somente 29,9% deles são exercidos por pessoas pretas ou pardas.
O desemprego atinge mais os pretos e pardos. Eles são 64,2% entre a população desocupada e 66,1% da população subutilizada.
A renda entre brancos e negros também é grande: R$ 2.796 reais a média entre pessoas brancas e R$ 1.608 entre pessoas pretas.
No caso das mulheres pretas, o número é ainda mais alarmante. Elas ganham apenas 44,4% do salário dos homens brancos, que ocupam o topo da escala de remuneração no Brasil
Mais chances de morrer em todos os cenários de violência.
2,7 vezes mais chance que uma pessoa branca num homicídio intencional.
A taxa de homicídios por 100 mil habitantes é de 34 para pessoas brancas e chega a 98,5 entre pessoas pretas ou pardas de 15 a 29 anos.
Em 2019, 61% das mulheres que sofreram feminicídio no Brasil eram negras
No sistema carcerário, os negros representam 61,6% da população presa.
78% dos mortos pela polícia são negros.2 em cada 3 policiais assassinados também são pretos ou pardos.
A desigualdade que mata
Entre pretos e pardos as taxas de mortalidade da covid-19 são 81% e 45%, respectivamente, mais altas que as de pessoas branca.
81% veem racismo no Brasil, mas só 34% admitem preconceito contra negros.
A conta não fecha.
Para acabar com o racismo, o primeiropasso é reconhecer que o Brasil é um país racista. Do contrário, é uma forma de impedir que as reparações aos seus danos sejam feitas.