SUFOCADAS: A VIOLÊNCIA POLÍTICA DE GÊNERO NO BRASIL

O Brasil é um país violento para mulheres. Uma pesquisa recente realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) mostra que 15% das brasileiras com 16 anos ou mais relataram ter experimentado algum tipo de violência psicológica, física ou sexual perpetrada por parentes ou companheiro/ex-companheiro íntimo durante a pandemia de coronavírus. Isso equivalente a 13,4 milhões de brasileiras. Ou seja, cada minuto do último ano, 25 mulheres foram ofendidas, agredidas física e/ou sexualmente ou ameaçadas no Brasil. Mas existe, ainda, outro tipo de violência, que nem sempre é fácil de identificar: a violência política de gênero.

De 193 países avaliados, o Brasil ocupa hoje a posição 140 no ranking mundial de representatividade feminina medido pela Organização das Nações Unidas e a União Interparlamentar. Ainda hoje as mulheres são minorias em espaços de poder e de tomada de decisão. No atual governo, dos 23 ministérios, apenas dois são ocupados por mulheres. No Congresso, mesmo com a maior bancada feminina da história, a situação não é muito diferente para as mulheres. Até hoje, nem a Câmara, nem o Senado foram presididas por mulheres.

Os ataques sofridos ainda hoje pelas mulheres nos espaços políticos também foram sofridos por Alzira Soriano, a primeira mulher eleita no Brasil. Durante a campanha eleitoral, ela foi alvo de ofensas misóginas. As insinuações incluíam que a candidata tinha um caso com o governador do Estado e que, sendo uma “mulher pública”, era prostituta. O mesmo tipo de violência encontra eco ainda hoje. Nas eleições passadas, a vereadora Indiara Barbosa (NOVO), eleita em Curitiba, foi alvo de uma esquete misógina publicada pelo canal Porta dos Fundos, também com conotações sexuais.

A violência política de gênero é todo ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. “A violência política de gênero tem começo, mas não tem fim”, define a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), em um documentário sobre o tema produzido pelo Regra dos Terços.

Sufocadas: os desafios de ser mulher nos espaços de poder” será lançado nesta quarta-feira (31), às 18 horas, no canal do Regra dos Terços no Youtube. O documentário joga luz sobre um problema que impede mulheres de conquistarem espaço e serem respeitadas na política. Uma reflexão essencial para a democracia brasileira.

Deixe um comentário