O presidente eleito Donald Trump fala durante uma entrevista coletiva em Mar-a-Lago (crédito da imagem: AP)
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, descreveu a recente deposição do líder sírio Bashar al-Assad pelos rebeldes apoiados por Ancara como uma “aquisição hostil” orquestrada pela Turquia. Falando numa conferência de imprensa no seu resort Mar-a-Lago, na Flórida, na segunda-feira, Trump caracterizou as ações da Turquia como “muito inteligentes”, ao mesmo tempo que enfatizou a brutalidade do regime de Assad.
“Acho que a Turquia é muito inteligente… A Turquia fez uma aquisição hostil, sem que muitas vidas fossem perdidas. Posso dizer que Assad foi um açougueiro, o que ele fez com as crianças”, disse Trump.
O comentário destaca as complexidades nas relações EUA-Turquia, uma vez que a crescente influência de Ancara na região levanta questões sobre as futuras políticas americanas na Síria.
Trump também comentou sobre a incerteza em torno do futuro da Síria. “A Síria tem muitos indefinidos”, disse ele, acrescentando que a Turquia “terá a chave” para o que acontecerá a seguir.
Crise em Gaza e reféns do Hamas
Voltando-se para a guerra em curso em Gaza, Trump reiterou a sua posição linha-dura em relação ao Hamas, particularmente no que diz respeito aos reféns ainda detidos na região. “Como vocês sabem, avisei que se esses reféns não voltarem para casa até 20 de janeiro, o inferno vai explodir”, alertou Trump.
Durante o ataque liderado pelo Hamas a Israel, em 7 de Outubro, mais de 1.200 pessoas foram mortas e mais de 250 foram raptadas, incluindo israelo-americanos.
Embora mais de 100 reféns tenham sido libertados, acredita-se que cerca de metade dos restantes cativos estejam vivos. Trump disse que teve uma “conversa muito boa” com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e prometeu estar “muito disponível” após assumir o cargo.
Guerra na Ucrânia e um potencial acordo
Ao abordar a guerra Rússia-Ucrânia, Trump expressou a sua intenção de negociar diretamente com o presidente russo, Vladimir Putin, e com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy. “Vi imagens horríveis de morte e destruição causadas pela guerra e isso tem que parar”, disse ele. Trump sugeriu a possibilidade de um acordo, afirmando: “Zelenskiy deveria estar preparado para fazer um acordo”.
Os comentários de Trump reflectem a sua abordagem de dar prioridade à diplomacia, mas também sinalizam a sua intenção de pôr fim ao conflito rapidamente.
Mandatos e tarifas de vacinas
Em questões internas, Trump expressou a sua oposição aos mandatos de vacinas, ao mesmo tempo que sublinhou o seu apoio a certas vacinas, como a vacina contra a poliomielite. “Não gosto de mandatos, mas acredito piamente na vacina contra a poliomielite”, disse ele aos repórteres.
Trump também defendeu os seus planos de impor tarifas sobre as importações estrangeiras, argumentando que tais medidas beneficiariam a economia dos EUA. “As tarifas tornarão o nosso país rico”, disse ele, sugerindo que a política comercial continuaria a ser um foco principal da sua administração.