Garimpeiros armados ameaçam indigenistas no Vale do Javari

Após os assassinatos de Dom Phillips e Bruno Pereira, defensores do meio ambiente e dos povos originários correm perigo mais uma vez. A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava) denunciou, nesta terça-feira (19), que garimpeiros armados ameaçaram servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) na mesma região onde o jornalista e o indigenistas foram mortos.

Em nota, a entidade alega que dois homens com armas calibres 16 e 12 teriam ido, na última sexta-feira (15), à Base de Proteção Etnoambiental (Bape) da Funai, localizada no rio Jandiatuba. Com a intenção de assediar os servidores da unidade, os garimpeiros perguntaram quantos funcionários trabalhavam no local, segundo a Unijava.

O relatório ressalta ainda denúncias feitas contra o garimpo ilegal praticado na região, entre fevereiro e março, com 19 balsas contabilizadas pela entidade. A Funai localiza atividades irregulares de garimpeiros no Vale do Javari. Além disso, a atuação dos servidores é também voltada à proteção dos povos originários que vivem no local.

“Uma das principais atribuições dos servidores da Funai na Base Jandiatuba é a proteção da terra indígena para assegurar a integridade física e territorial dos grupos indígenas isolados que vivem nos rios Jandiatuba e Jutaí”, destaca a nota sobre o assédio dos garimpeiros, que afirma ainda que a região concentra a maior quantidade de “informações e referências confirmadas de índios isolados”.

Os corpos do jornalista e do indigenista foram encontrados no Vale do Javari em 15 de junho, após dez dias de buscas. Até o momento, três suspeitos estão presos, e a investigação ainda não concluiu se houve um mandante. Por anos, Dom Phillips e Bruno Pereira trabalharam contra a atuação de garimpeiros ilegais, bem como denunciaram roubo de madeira e tráfico de drogas na Amazônia.

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